Nosso abordagem para cultura organizacional se baseia em uma combinação entre narrativa e estrutura, buscando uma coerência entre o falar e o fazer. Ou seja, ter um acordo de quais são os valores, combinados ou princípios culturais que norteiam os comportamentos esperados de forma explícita E implementar artefatos tangíveis (rituais, processos, etc.) que refletem, incentivam e co-responsabilizam a prática destes comportamentos no dia a dia a nível organizacional.
Foi com essa visão que fizemos um projeto com a Sallve para redesenhar um dos artefatos que mais impactam a coerência entre narrativa e estrutura/falar e fazer de uma cultura organizacional: a avaliação de desempenho. Afinal, “diga-me como me medes, e te direi como me comporto.” Se a forma como as pessoas são avaliadas não é coerente com os combinados, valores ou princípios culturais de uma organização, as palavras bonitas na parede se tornam só palavras bonitas na parede (ou no fundo de tela das reuniões virtuais).
Nosso trabalho com a Sallve já tinha uma história. Este projeto foi uma continuidade do Sallve Fora de Casa 2023, onde desenhamos toda experiência e facilitamos uma imersão “PPT free” de três dias com todo o time, aproximadamente 150 pessoas. Durante essa imersão, não só criamos espaços de conexão entre pessoas, áreas e time, mas também conduzimos um momento de escuta e coleta de insumos sobre a evolução dos combinados culturais da Sallve, que foram informações valiosas para a revisão do artefato.
Victor Sarti, da rede do CHAMA Coletivo, nos preparativos da experiência do encontro (sim, tivemos momento SPA com massagem e produtinhos da Sallve). | Arquivo pessoal
Com muita sinergia e parceria com o time de Pessoas, redesenhamos em cinco semanas a avaliação de desempenho para que: 1) as pessoas tivessem clareza dos combinados culturais traduzidos em comportamentos, diminuindo o nível de subjetividade e abstração; 2) fosse um artefato que apoiasse o desenvolvimento das pessoas dando estrutura para conversas francas; 3) não tivesse vínculo direto com promoção e/ou mérito.
Durante o processo, fomos responsáveis por criar o descritivo dos comportamentos atrelados à cada combinado cultural, as perguntas da avaliação e todo o material de suporte para que o time de Pessoas pudesse conduzir o processo. Para isso, facilitamos uma collab com as lideranças, ajustamos a avaliação com base nos feedbacks coletados e construímos 3 toolkits para apoiar às pessoas a entender as premissas por trás da avaliação, saber como preenchê-la e se preparar para conversas francas com base nos seus resultados com o auxílio da Janela de Johari. Tudo isso tendo como fio condutor uma das premissas que guiaram o projeto como um todo: ser EXPERIMENTAL, com espaço para testar, errar e ajustar seja no comportamento ou no próprio ritual.
Flá e Sté facilitando uma dinâmica de conexão entre as pessoas utilizando os quatro elementos: água (sentir), ar (pensar), terra (estruturar) e fogo (agir) | Arquivo pessoal
Finalizamos o projeto com uma reunião de encerramento onde registramos e deixamos disponível todas as informações do projeto para gestão do conhecimento e fizemos uma retrospectiva dos aprendizados com o experimento, que permitiu que novas tensões culturais emergissem para que o artefato e a cultura como um todo continuem a evoluir. Afinal a coerência é um exercício contínuo que requer atenção tanto para o que continuamos falando quanto o que continuamos fazendo.
Time do Projeto: Flávia Barbosa, Sté Crispino e Victor Sarti
Commentaires